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Chicago recua, portos divergem e produtor se retrai: o que esperar da soja?

Pressão internacional trava comercialização da soja


Foto: Canva

A soja encerrou a semana sob forte pressão na Bolsa de Chicago, com o contrato janeiro/26 rompendo o suporte dos US$11 e cotado a US$10,76/bushel. O movimento refletiu expectativas frustradas de demanda e uma safra sul-americana robusta, o que impactou diretamente o mercado físico brasileiro.

Segundo dados divulgados pela Grão Direto, o cenário externo influenciou fortemente os preços no Brasil, apesar da taxa de câmbio estável em torno de R$5,40. No Porto de Santos, o Índice soja FOB registrou leve alta de 0,35%, fechando a R$147,50 por saca, sustentado por demandas pontuais. Em contraste, o Porto de Rio Grande sentiu mais intensamente os efeitos da queda internacional, com recuo de 1,51% e cotação de R$145,18.

No mercado futuro, o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no último dia 9, manteve as projeções elevadas para a safra sul-americana: 175 milhões de toneladas para o Brasil e 48,5 milhões para a Argentina. A consolidação de uma oferta global robusta, aliada à conclusão do plantio em boas condições, eliminou o prêmio de risco climático, pressionando ainda mais as cotações.

Essa conjuntura gerou um ambiente de baixa liquidez no mercado físico brasileiro. Diante de margens reduzidas e volatilidade nos preços de exportação, muitos produtores optaram por postergar as negociações, à espera de sinais mais claros sobre demanda e clima.

A segunda quinzena de dezembro será decisiva para o comportamento da soja. As previsões apontam chuvas irregulares e abaixo da média no Rio Grande do Sul e Paraná — estados que estão entrando em fases reprodutivas críticas da cultura. Qualquer confirmação de estresse hídrico pode devolver o prêmio de risco às cotações, reativando o mercado em Chicago e elevando os prêmios de exportação.

Outro fator de atenção será a continuidade das compras pela China. O USDA reportou vendas diárias, mas ainda insuficientes para reverter o excedente americano. Caso haja desaceleração nos anúncios ou problemas logísticos nos portos chineses, o mercado pode testar novos suportes técnicos, aprofundando a pressão.

Com a proximidade das festas de fim de ano, a tendência é de redução na liquidez. Fundos de investimento devem realizar ajustes de portfólio, o que pode gerar oscilações bruscas sem novos fundamentos. 

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